Ainda tem dias que o emaranhado de pensamentos
que como teia me prendem
colam-me todos os membros
e me impedem de me mover.
Tem dias que o cotidiano soa exaustivo
que o colorido se torna cinza
e tudo que se tem é a vontade
de sentir o tempo rapidamente se esvair
Pra reiniciar o sistema
reinserir o login
onde está gravado
tudo que compõe esse usuário
sem essa tela de espera
que paralisa a vida de acontecer.
É contraditório
que o muito as vezes pareça pouco
que o barulho ecoe silêncio
e o vazio permeie o peito
no volume máximo de uma caixa de som.
Nessas horas
tudo que se pode fazer
é se permitir sentir todo esse nada
porque passa
sem precisar ser contido ou compreendido.
As vezes é na falta de sentido
que a razão habita
e revela todo o porquê
dessas pausas (necessárias).
Essas, constantemente ignoradas
na correria despropositada de um dia
que nos exige tanto
exceto a presença de nós mesmos.
Somos a soma de tudo negligenciado
das pessoas e dores exaladas
na respiração vasta ou rarefeita
que o subjetivo sabe identificar.
Que possamos nos permitir
a ser todos os dias, independente do tom da aquarela
e saibamos distinguir
o que é raiz do que é raso
e o que é erva danosa
do que é bom plantio.
Pra que a gente se alimente do que for essencial
que cresce, inclusive,
nas manhãs nubladas.
Produzindo aquilo que somos
precisamos
e ainda poderemos ser.
Resultado de uma colheita manual,
sem qualquer automação e instrução.
Apenas repleta de autonomia
decorrente do esforço (humano) contínuo
que almeja sempre, (ser) o melhor de/pra si.
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