quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Medo

Hoje o dia ficou nublado
No peito habitou um aperto
Que me dificultou a respiração
Permaneci em silêncio 
Inquieta
E fui apresentada a um medo
Que se já conheci outrora
Hoje não quero reviver
Inicio um longo diálogo comigo mesma
Repasso tudo que não soube dizer
E todos os momentos que não vivi
Projetando um filme de culpa
Que me recuso a assistir
Me torno caos
Só por um momento
E me consolo desse tormento
Que sem razão me fiz ser.
“Tá tudo bem. Não tem necessidade disso”
Repito como disco arranhado
Que não sabe passar para a próxima faixa
E que se torna insuportável de escutar.
Deixo estar.
Até tudo voltar ao seu devido lugar.
E eu consiga finalmente compreender
Que no fundo, nada disso faz sentido
Apesar de tão doído.
Tenho sido assim
Caminhado em total descontrole
Nessa sequência de fatos desgovernados
Que dilaceram a alma
E que me obrigam a engolir tudo
com a garganta seca e machucada.
Em meio a verbos repetidos
E ressentidos.
“Vai ficar tudo bem."
Repito.
Conto até três, 
Suspiro.
Amanheceu o dia.
É passada a hora de descansar.

(Mortificada levanto, sem qualquer vontade, de ser).

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