sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Luzes

Tenho encontrado conforto
entre as luzes vermelhas que me iluminam o rosto
fazendo o coração desacelerar depois de um dia turbulento.
São pequenas doses de acalento
que me fazem querer andar ao invés de correr
e me permitem desatar todos os nós que, 
ultimamente tem sufocado a garganta.
Essa busca por sentido
mesmo que sequer precise haver algum
é que faz do caminho agradável de seguir
e ainda sim, um tanto inquietante.
Já não reclamo do percurso
entretanto, piso no freio
tomo todas as medidas de segurança que conheço
pra evitar sofrer qualquer acidente.
Acho estranho a vista relatada
que enxerga detalhes
que eu sequer compreendo.
Talvez sejam devaneios de uma mente enebriada
de angústias e projetos inacabados
que tem o dom de observar além do que se vê.
São nesses pequenos momentos
que parece que o mundo volta a girar
e eu consigo, finalmente, me mexer
(depois de todos esses anos de tormenta).
Há uma certa gratidão por tudo isso
em tudo que é sentido e não dito.
O silêncio sabe muito bem o que deve ou não ecoar.
Sob a paleta escura de um dia qualquer
levemente iluminado por essas luzes que desenham-me os traços
rabisco esse relato inacabado,
entremeado de verbos engasgados
sobre tudo que ainda não escrevi
e talvez nunca escreva.
Há em mim apenas uma vontade:
o desejo de permanecer nessa serenidade
nesse bem-me-quer(o) constante
entre o que não é e há de ser, em mim.

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