sábado, 31 de agosto de 2019

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Nesses dias escassos de sentimentos
Encontro acalento nos momentos de solidão
Que me entorpecem a mente
Sem qualquer motivo aparente
E me transformam em verdadeira confusão
O silêncio tem falado alto
Sobre tudo aquilo que eu quero esquecer
E que ainda guardo
Há tanto acumulado que me exaspero
E postergo
Em uma tentativa vã de acreditar
Que tudo possa voltar ao seu devido lugar
Ando de alma estilhaçada
Em tantos pedaços
Que me firo ao tentar recolher os cacos
Do que ainda resta de mim.
Com a mão cheia de sangue
Limpo o espelho e não me vejo
Há alguém estranho que não reconheço
Reflexo distorcido e esvaído de si
Sufoco, com esse nó na garganta que me cala
E me mata lentamente
No arrastar dessas horas que me atropelam
Permaneço de corpo estirado
De olhos fechados sem querer mais acordar
Rezo então pra que me achem
Que (me) devolvam de volta pra mim
Tudo isso que tem me faltado
Pra que eu possa, finalmente, existir.

Um comentário:

  1. Muita sinceridade em um texto. Parece alguém que deixou muitas perguntas sem respostas... Alguém que fugiu da dor, mas que a dor a encontrou e de algum modo, totalmente fora do tempo, de uma forma inoportuna, passou a trazer lembranças (boas) que deveriam estar no passado. Mas o orgulho não permite reconhecer, que não se deve fugir do passado, que se a dor está tão presente, é porque talvez não seja passado, e sim presente. Talvez fugir da dor não fosse a solução, e sim a luta pelo presente.

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