Mortifico
em cada batida
desatinada do meu peito
que, descompassado,
quase arranca-me um pedaço
me estillhaçando por dentro
sem chance de conserto.
A respiração que se torna curta
e rápida demais
pra absorver tudo que o corpo precisa
deixa a mente turva
a audição surda
incapaz de compreender a mais simples das sentenças.
E é assim que me sinto:
presa dentro dessas grades
que me impedem de fugir de tudo isso
porque a única opção que me resta
é encarar de frente
toda essa catástrofe iminente.
De alma encarcerada.
sinto o nó na garganta
apertar ao ponto
de dificultar o glutinar da saliva
me obrigando a engolir a seco
tudo que deveria ser dito.
e não é.
- e quando é,
sai completamente atordoado
desorganizado
como quem tem pressa
e necessidade de chegar a superfície
depois de quase morrer afogado -
Essa névoa que me cerca
me impedindo de ver um palmo a frente
me paralisa e repete incessantemente
que a solidão é tudo que me resta.
Nesses segundos
que parecem durar uma eternidade
vejo a vida escoar pelos meus dedos
sem que seja possível agarrar
tudo isso que sonhei
e demorei tanto para ter.
- Fecho os olhos e rezo,
na esperança desesperada
de que isso passe
(não por cima de mim)
e tudo permaneça como está -
Se aqui não for meu lugar
eu entrego todos os meus pontos.
Não tenho mais em mim
forças pra outro recomeço.
...
(respiro fundo)
...
"Que eu pague o preço,
seja ele qual for."
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