sexta-feira, 13 de junho de 2025

...

Mortifico
em cada batida
desatinada do meu peito
que, descompassado,
quase arranca-me um pedaço
me estillhaçando por dentro
sem chance de conserto.
A respiração que se torna curta
e rápida demais
pra absorver tudo que o corpo precisa
deixa a mente turva
a audição surda
incapaz de compreender a mais simples das sentenças.
E é assim que me sinto:
presa dentro dessas grades
que me impedem de fugir de tudo isso
porque a única opção que me resta
é encarar de frente
toda essa catástrofe iminente.
De alma encarcerada.
sinto o nó na garganta
apertar ao ponto
de dificultar o glutinar da saliva
me obrigando a engolir a seco
tudo que deveria ser dito.
e não é.
- e quando é,
sai completamente atordoado
desorganizado
como quem tem pressa 
e necessidade de chegar a superfície
depois de quase morrer afogado -
Essa névoa que me cerca
me impedindo de ver um palmo a frente
me paralisa e repete incessantemente
que a solidão é tudo que me resta.
Nesses segundos
que parecem durar uma eternidade
vejo a vida escoar pelos meus dedos
sem que seja possível agarrar
tudo isso que sonhei 
e demorei tanto para ter.
- Fecho os olhos e rezo,
na esperança desesperada
de que isso passe
(não por cima de mim)
e tudo permaneça como está -

Se aqui não for meu lugar
eu entrego todos os meus pontos.
Não tenho mais em mim 
forças pra outro recomeço.
...
(respiro fundo)
...
"Que eu pague o preço,
seja ele qual for."


quinta-feira, 12 de junho de 2025

12.06.2025

Guardo em versos
Todas as nossas prosas
Em uma tentativa juvenil 
De preservar cada momento nosso.
Cada conversa na copa
Cada olhar contido
E tudo aquilo que, ate então,
Restava subentendido
Em meio a devaneios e suposições.
Guardo comigo 
Todos os risos bobos
E todas as descobertas
Das diferenças que, sabiamente,
Só nos aproximam.
Guardo as mordidas de afeto
Os beijos sortidos
Nossa disputa boba
De quem tem a alma mais bonita (você).
Vivo hoje,
Nesse cotidiano bem construído
Que tornam todos os detalhes mais ínfimos
Recortes especiais de uma vida
Ora urgente
Ora pacífica
De quem anseia - sem tanta pressa assim -
Todos os outros por vires.
Sem, todavia, perder a atenção do presente.
Esse presente 
Que traz tanta leveza a rotina
dando graça(s) do começo ao fim do dia
Simplesmente por sermos
O melhor que pudermos, um para o outro.
Nessa doação diária
Em que todo dia
Traz uma novidade
Reflete o prazer que tem sido
(Re)descobrir tudo com você.
Temos diante de nós
Um infinito de primeiras vezes
E no peito,
Apenas uma vontade:
De viver todas elas com você.
Então mais uma vez guardo,
Esse momento,
Esse relato
Pra que lá na frente eu te lembre:
Que desde o princípio fomos feitos pra durar.