terça-feira, 1 de agosto de 2023

Labirinto

Ando com o peito apertado
sufocado por todo esse tormento
que me atordoa os pensamentos
e me deixa com falta de ar.

Transbordo perda, sobretudo a minha,
enquanto corro nesse labirinto
sem saber onde está a saída
que me leve de volta pra mim.

Os olhos que antes observavam atentos
hoje sequer conseguem focar a visão.
A mente já não compreende os dizeres
de um corpo que se encontra a cada dia mais exausto.

Sento. Como quem cansou de andar sem rumo.
E viajo pra dentro de mim
como se de alguma forma a solução do problema
estivesse escondida, em alguma parte do meu ser.

É como se me deparasse com outro idioma 
que ainda não falo.
Faço gestos, mimetizo qualquer ato
que ainda que falho me revele, tudo que eu preciso saber.

Nada, entretanto, parece fazer sentido
e tudo que sinto nesse momento é dor.

Como se liberta de uma prisão
quando quem segura as chaves não é você?
Como mudar uma situação
que a cada dia te consome, matando cada pedaço do seu ser?!

De todos os esforços que ja fiz
Restou-me apenas a carcaça
de um corpo dilacerado
que não consegue mais se libertar

- ainda que lá no fundo alguém sussurre mandando eu insistir - 

De que vale o correr sem direção?
Alguem me salva  (por favor) desse desânimo
Antes que não sobre mais nada de mim.

Já não sei ser heroína de mim mesma
Essa ambiguidade se infiltrou na surdina
me drogando diariamente pra sobreviver.

Não confio mais sequer no piloto automático
que hoje só esbarra em becos sem saída.
Há de existir algo que me diga
que tudo isso pode voltar a ser calmaria.

Até lá,
sigo tentando silenciar todo esse grito preso na garganta
quem sabe assim não ecoe (de volta) uma resposta
algo que me mostre que ainda dá pra levantar
e dar a volta por cima.

Levanto, me pisoteando
revoltada com todo esse fracasso
desse corpo exausto que já não aguenta mais
ser tudo, menos o que gostaria.

Nessa inexatidão de versos
de uma alma despedaçada.
Tento recolher todos os cacos
remendando o retrato, como quebra cabeça.

Quem sabe assim
não se forme uma imagem que revele o caminho
e eu finalmente consiga trilhar o percurso
que nunca deveria ter desviado desde o princípio.

Sobrevivo por esse fio de esperança que me sustenta.
Que há de permanecer intacto,
antes que a unica linha que me reste seja a reta
de um coração que, finalmente, parou.