Tenho habitado em um constante hiato
vivendo no presente
todo o passado que eu consiga reaver.
A angustia que já não é mais intermitente
me domina a mente
entorpecendo qualquer traço de racionalidade remanescente.
Há de se concordar que a realidade
já não é mais onde se queria estar...
quisera eu conseguir subverter
toda essa inexatidão que tem sido existir
em algo que fizesse o menor dos sentidos.
O silêncio que me ensurdece os ouvidos
não consegue preencher nada da casa
ainda que hajam móveis na sala
tudo parece vazio desde então.
Tudo...Exceto o peito.
Ah, o peito...
Já não sei descrever que dor é essa
que consegue ocupar cada pedacinho do meu corpo
não há como disfarçar no rosto
as migalhas que restaram de mim
desde a tua partida.
Me partistes em pedaços tão pequenos
e escondestes os rastros
que ainda que eu procure, eu não me acho
Descobri que era você
quem sustentava todo o meu ser.
Como prédio sem fundação, desabo.
Entre lamentações e desabafos
Continuo chorando mar que não sabe pra onde deve desaguar.
Ouvi dizer que o tempo ameniza as dores
mas essa insiste em me carregar pelas mãos,
estapeando-me os ombros, dizendo:
"- calma, ainda temos muito a seguir."
A ironia é que me sinto estagnada,
Irreversivelmente quebrada
pois tudo que sempre soube ser foi
por ti, o mais puro amor.
Não há nada que me conforte dessa despedida
nada que apague a decisão mais doída
que um dia eu tive que tomar.
Rezo verbo incoerente e incerto
na esperança de um dia sair desse hiato
e encontrar de novo Vida,
ou a aptidão de sentir algo que não seja dor.
Ratifico tudo que tua ausência me causou
Retifico contextos que seguem caóticos
e entrelinho tudo aquilo que
essas linhas são incapazes de dizer.
.
.
.
Saudade tem nome
forma e não cabe no peito.
O meu continua sendo teu,
[Pra sempre, até meu fim chegar...]